O orador convidado da iniciativa “Palcos e Cenas - 2016”, que se realizou na passada sexta-feira, 26 de fevereiro, nos Paços da Cultura, foi o antropólogo e historiador Cebaldo de Léon Inawinapi. Esta foi uma iniciativa do projeto “Espaço Aberto” do Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, em parceria com o Município de S. João da Madeira e com o Rotary Club de S. João da Madeira. Esta sessão serviu de ato introdutório ao X Festival de Teatro, a realizar entre 8 e 30 de abril.

As “Notícias de um povo governado por poetas” converteram-se numa conversa amena, por vezes com evocações poéticas, pautada pelas imagens que surgiam na tela, sempre baseadas na história e na vida do povo Kuna, que habita arquipélago com o mesmo nome, o território indígena autónomo de Kuna Yala, integrado na República de Panamá, constituído por cerca de quatrocentas ilhas e ilhotas. Cebaldo Inawinapi nasceu numa delas, a Ilha de Usdup e é, por isso, um profundo conhecedor do tema.

A especificidade deste povo revela-se em numerosas situações que nós, europeus, podemos considerar estranhas. Este foi um dos exemplos dados no decurso da noite: “Como nós moramos em ilhas, (agora podia passar duas ou três horas a contar histórias), as crianças quando acordam, vão brincar. Uma criança quando estava cansada, quando tinha fome, entrava em qualquer casa, e lá comia, dormia... Havia sempre alguém para lhe contar uma história; as pessoas kunas fazem isso, porque a mãe e o pai sabem que os seus filhos são bem acolhidos, pois os pais foram ensinados assim, a sua infância também foi essa: poder comer e poder dormir em qualquer casa. Tudo estava aberto, tudo se partilhava.” Mas a conversa passou também pelo papel da mulher, e pelas suas tradições, pela forma de organização social e política, pela economia de subsistência que ali se pratica (pesca, recolha de cacau e alguma caça) e pela chegada do turismo, com todos os desafios que ele coloca aos Kuna.

No final, foram colocadas algumas questões, pelos presentes, o que tornou a conversa ainda mais esclarecedora e familiar.

A sessão terminou com a oferta de algumas lembranças por parte da entidade promotora e dos parceiros e com a afetividade que envolvera a assistência, que deu por bem empregue o desafio de enfrentar o frio e a chuva que se faziam sentir na noite de tempestade. Talvez para apreciar ainda melhor o calor humano e meteorológico sugeridos pelas imagens desse “povo governado por poetas”.

Gabinete de Comunicação do Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite

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